2025-04-30

Substituição


Em Lisboa, Setúbal e Algarve, quase metade dos recém-nascidos tem mãe estrangeira.

Não fosse o facilitismo com que se tem atribuído a nacionalidade portuguesa a imigrantes nos anos mais recentes, certamente já seria a maioria.

Está, assim, em curso uma catástrofe para os portugueses, a serem rapidamente substituídos neste território que, muito em breve, deixará de ser seu.

Porém, para muitos, isto não interessa nada. Aquilo que interessa são os 100 dias de Trump, as 10 frases que marcaram esses 100 dias, ou se Trump disse que quer ser papa. Sem esquecer a tarefa patriótica de partilhar diariamente um meme anti-Trump no Facebook, claro está. 

Se calhar, os portugueses têm precisamente aquilo que merecem.

2025-04-14

Imigração e criminalidade – Afinar critérios


Desenvolvendo uma das ideias que aqui deixei, é possível distinguir três tipos de abordagem da questão de saber se é possível estabelecer uma relação entre imigração e criminalidade.

Os mais radicais consideram que a questão nem sequer pode ser suscitada, porquanto esse simples facto constitui uma manifestação de racismo e/ou xenofobia, que mais não visa que apelar ao ódio contra minorias. Para os partidários desta postura, a referida questão passa a ser mais um «tema proibido». Ai de quem se atreva, sequer, a suscitá-la!

Um segundo grupo admite a colocação da questão em abstracto. Porém, dá-a imediatamente por resolvida mediante a invocação de estudos que demonstrariam que a imigração, não só não provoca um aumento da criminalidade, como, paradoxalmente, até a diminui, atenta a primazia que a generalidade dos imigrantes daria ao seu desejo de integração na sociedade de acolhimento. No fundo, parece que, para quem assim se posiciona, a descrita relação entre imigração e criminalidade ficou, graças aos referidos estudos, definitiva e irrefutavelmente demonstrada para todo o sempre, sendo, assim, descabido monitorizar os actuais fluxos migratórios na perspectiva da sua relação com a criminalidade. O facto de se tratar de estudos antigos, que tiveram por objecto fenómenos migratórios completamente diferentes daquele que se abateu sobre a Europa nos anos mais recentes, não os impressiona. Encontraram uma «verdade» que lhes agrada e recusam-se terminantemente a questioná-la com base em factos novos, que abalem as suas confortáveis certezas e proporcionem argumentos que possam contrariar as suas inabaláveis convicções.

Finalmente, há quem, mais moderadamente, admita a colocação da questão em concreto, perante a vaga de imigração que actualmente atinge a generalidade dos países da Europa ocidental. Reconhecendo a singularidade desta vaga migratória, concedem que a mesma mereça uma análise diferenciada. Porém, procuram resolver a questão com apelo a argumentação enganosa. É o caso de quem procura demonstrar a impossibilidade de estabelecimento de uma relação entre a imigração e o aumento da criminalidade apelando à actual composição da população prisional.

Há que fugir deste espartilho e procurar a verdade. O que impõe, logo à partida, afinar os critérios de recolha e tratamento de dados. Aqueles que pretendem continuar a impedir uma discussão séria sobre a relação entre imigração e criminalidade têm feito tudo aquilo que podem no sentido de ocultar os dados que realmente interessam, de baralhar o mais possível os escassos dados que são disponibilizados e de semear a confusão através da divulgação, como relevantes, de dados que, na realidade, o não são. Importa analisar e desmontar toda essa narrativa.   

2025-04-07

Imigração e criminalidade – A neutralidade informativa da inexistência de dados


Os canais de televisão e os jornais «mainstream» propagandeiam, de forma repetitiva, que não existe conexão entre, por um lado, a vaga migratória que vem assolando a Europa nos anos mais recentes, e, por outro, o aumento da criminalidade mais grave que se vem verificando e o consequente aumento da insegurança.

Neste registo, ouvi, há tempos, o jornalista Ricardo Costa proclamar, na SIC, que, «neste momento, em Portugal, não há uma relação entre imigração e insegurança».

Admito que não haja, na mesmíssima medida em que admito que haja. Contudo, seria bom que ele fundamentasse. Onde se baseou Ricardo Costa para fazer uma afirmação tão peremptória?

Se Ricardo Costa possuir dados concretos que demonstrem que não existe a conexão que acima referi, deve divulgá-los, tanto mais que, sendo jornalista, a sua missão é informar o público.

Se, ao invés, Ricardo Costa apenas se baseou na ausência de dados que revelem a existência da mesma conexão, estaremos perante uma afirmação sem fundamento e, mais que isso, enganosa. A inexistência de dados sobre determinada realidade nada demonstra: nem que essa realidade existe, nem que ela não existe. Do ponto de vista informativo, é neutra.