«Compreendendo e aplicando a mensagem de Gramsci, as esquerdas abandonaram os assaltos violentos ao poder, o terror das revoluções francesa, russa ou chinesa, e concentraram-se na amálgama e na desqualificação do adversário, ou mais propriamente do inimigo, esconjurando-o com apelo a velhas imagens.
É a construção de uma narrativa que tem vindo a colonizar e contaminar o centro e que pinta o adversário – “a extrema-direita” – como um mal absoluto, um perigo para a Democracia (…). Não por ser violento, mas pelas ideias que tem. (…)
Como outrora a direita reacionária, a Esquerda, agindo dentro de modelos de democracia constitucional, concentra-se em avançar legislação que induza as “boas práticas morais” e em policiar as ideias que as ponham em causa, proibindo determinadas ideologias e princípios, apresentados como “perigosos para o regime democrático”; regime do qual, com o apoio dos grandes media e da “imprensa de referência”, passou a arrogar-se exclusivo representante e porta-voz.»
JAIME NOGUEIRA PINTO, De que falamos quando falamos de Direita?, Bertrand Editora, Lisboa – 2024, páginas 130-131.