2024-09-28

Ainda a propósito dos objectivos do «Manifesto dos 50»


Entre os subscritores do manifesto dos agora «50x3», deve haver de tudo. Desde quem pretende «partir a espinha» ao Ministério Público, tentando, mais uma vez, acabar com o risco de este incomodar certas pessoas, até àqueles que apenas pretendem contribuir genuinamente para o bem comum por meio daquilo que o manifesto denomina como «sobressalto cívico». Alguns dos subscritores nem sequer devem ter uma ideia precisa sobre o que está realmente em causa relativamente a cada uma das questões suscitadas.

Não obstante, uma coisa é o que motiva cada um dos subscritores do manifesto e outra é aquilo em que o movimento assim gerado objectivamente se tornou na cena política nacional. Como aqui notei, os «50x3» deixaram de se apresentar como um mero conjunto de subscritores de um documento e passaram ao patamar seguinte: procuraram interferir, directamente e às claras, na escolha do novo PGR. Assim esclareceram, finalmente, ao que vinham.

Felizmente, os «50x3» não atingiram este seu objectivo. Ainda não se pronunciaram sobre a escolha de Amadeu Guerra para suceder a Lucília Gago, pelo menos que eu tenha dado por isso (o seu site continua sem actualização). Contudo, é óbvio que o perfil do novo PGR corresponde, pelas melhores razões, exactamente àquilo que eles não queriam. Está de parabéns quem o escolheu.

Direi também que, ainda que fosse outra a minha profissão, eu nunca, mas nunca, assinaria um manifesto sobre a justiça que também o tivesse sido por alguns dos subscritores deste, que claramente incluo no grupo daqueles que pretendem «partir a espinha» ao Ministério Público. E, se pudessem, também partiriam a da Magistratura Judicial. Tenho memória do que essas «personalidades» fizeram e disseram em tempos que já lá vão. O facto de elas subscreverem o manifesto apenas o descredibiliza.

Finalmente, já que estou a escrever sobre intenções e objectivos, noto que, no final do ponto 7 do manifesto, quem o redigiu não resistiu a dar uma bicada ao actual primeiro-ministro. Alguma dúvida que pudesse existir acerca da localização do epicentro da redacção do manifesto ficou, assim, desfeita. Contudo, sobre matérias dessa natureza, não opino.