Para quem não seja servidor do Estado, fica a explicação – o impresso que aparece no retrato tem o pomposo nome de «BOLETIM ITINERÁRIO».
Trata-se, em minha opinião, do impresso mais estúpido, inútil, arcaico e irritante que existe – embora admita prova de que há pior, pois a concorrência é feroz.
Servidor do Estado – juízes incluídos – que se desloque em serviço, tem de o preencher à mão, com letra miudinha, por ali abaixo, frente e verso, repetindo, linha a linha, palavras e valores que, com um computador, escreveria num centésimo do tempo.
No meu caso, como me desloco muito em serviço, lá tenho, todos os meses, impresso após impresso, mês após mês, ano após ano, de preencher o dito «boletim» à mão, a dizer sempre a mesma coisa: no dia tal, deslocação à comarca x, para o julgamento do processo y, foram tantos km, a tanto o km, dá o valor z…
E têm de ser 2 boletins itinerários por mês, um para serviço de colectivo e outro para singular, pois os departamentos estatais que efectuam o reembolso das despesas – tarde e a más horas no caso de um deles, diga-se de passagem – são diferentes, por razões que não compreendo, nem pretendo que me expliquem, pois estou seguro de que continuaria a não compreender.
Que diabo, não poderia o «choque tecnológico» atingir os boletins itinerários rápida, violentamente e em cheio, desintegrando-os, calcinando-os ou, no mínimo, projectando-os para longe?
Ao menos, tornem o preenchimento do impresso facultativo, permitindo a sua substituição por documento que possa ser elaborado em computador!
Pronto, já satisfiz a minha vontade de escrever sobre uma coisa estúpida neste domingo.
Ao leitor que tiver conseguido chegar ao fim, o meu muito obrigado.
Post inserido no blog DIZPOSITIVO