2008-05-02

Ainda a propósito da invasão da esquadra da PSP de Moscavide

A recente invasão da esquadra da PSP de Moscavide por um bando de indivíduos com o intuito – alcançado, segundo se noticiou – de agredir um jovem que aí pretendia apresentar uma queixa-crime suscita um problema bem mais importante do que o do número mínimo de efectivos que devem estar numa esquadra com as características daquela, o de se saber se vai haver um reforço de meios a esse nível, o de determinar quantos e quais crimes foram cometidos ou o da garantia de que os autores da proeza serão criminalmente responsabilizados (também era melhor que o não fossem!). Provavelmente por isso mesmo, foi para este nível superficial que se procurou desviar a questão.
O problema fundamental parece-me ser outro e resume-se nisto: a que ponto chegou Portugal, em matéria de segurança pública, em que um grupo de indivíduos resolve invadir uma esquadra da PSP para agredir um outro que aí se encontra?
Ainda não há muitos anos, a invasão de um edifício público com o intuito de provocar desacatos no seu interior era impensável.
Depois, começámos a ouvir falar em invasões de escolas e de serviços de saúde, geralmente com o intuito de agredir o professor que tivesse tentado pôr algum aluno na ordem ou o médico ou enfermeiro que não satisfizesse todas as exigências de algum utente, digamos, mais reivindicativo. Quando isso acontecia, chamava-se a polícia…
Agora, é a própria polícia que é invadida!
Parece-me ter chegado o momento em que devemos parar para reflectir.
Como é que chegámos a este ponto?
Como é que a autoridade do Estado se esboroou tanto e tão rapidamente, ao ponto de até uma esquadra de polícia ser invadida por um bando de marginais para agredir um cidadão que aí apresentava uma queixa-crime?
Quais são as causas de uma situação tão anómala?
Que erros foram cometidos e por quem?
O verdadeiro problema é este.