Há apenas 295 armas de electrochoque, vulgo tasers, para 14.000 agentes da PSP. O custo de cada taser ronda os € 2.000. Equipar todos os agentes da PSP com um taser custaria, pois, menos de € 28.000.000. Provavelmente, com € 10.000.000, ou nem tanto, já se conseguiria acudir satisfatoriamente às necessidades existentes. Uma quantia irrisória, considerando o total das despesas do Estado. Não obstante, a situação actual é a descrita. O número de tasers existentes corresponde a cerca de 2% do de agentes da PSP. Pior, é difícil.
Por aqui se vê, mais uma
vez, que as prioridades da República andam, há muito, invertidas. Tem havido
dinheiro para tudo o que é inútil: estádios de futebol, subsídios a quem se
recusa a trabalhar, apoio financeiro a eventos que não interessam a ninguém e a
associações, fundações e outras agremiações sem qualquer finalidade útil,
criadas exclusivamente para sacar, através do Estado, dinheiro dos
contribuintes, e por aí fora. Para aquilo que constitui o núcleo das funções
soberanas do Estado, como é o caso da manutenção da segurança pública, ou não há dinheiro, ou, quando há, todos os cêntimos são
contados. Consequência óbvia de se governar para a imagem e para satisfazer
clientelas políticas e não em função do interesse nacional.
Que terão os responsáveis políticos
que não dotaram a PSP de um número suficiente de tasers em devido tempo a dizer
sobre isto? Parece-me que devem explicações à população. Num país decente, haveria
jornalistas independentes e com coluna vertebral que lhas pediriam. E esses
responsáveis políticos teriam de as dar, em vez de andarem, agora, a fingir que
não é nada com eles e a chorar lágrimas de crocodilo pela morte de Odair Moniz,
que muito provavelmente estaria vivo se o agente que sobre ele disparou
estivesse munido de um taser.