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Quem, um dia, se lança na aventura de fazer um blog, assume um compromisso básico, mais não seja consigo próprio: actualizá-lo.
Num duplo sentido:
1 - Inserir posts com uma frequência suficiente para mostrar que o blog está activo – vertente «prova de vida»;
2 - Actualizar (já agora…) com «actualidades» – vertente «estar em cima do acontecimento».
Num primeiro momento – falo por mim – senti este compromisso.
Depois, adquire-se experiência, perde-se a vergonha e passa-se a administrar o blog em função do nosso sentir em cada momento. No fundo, vai-se sedimentando o sentimento de que o blog é nosso e fazemos dele aquilo que muito bem queremos e não aquilo que pensamos que outros esperam que ele seja.
É, aliás, interessante fugir ao hábito de ler apenas os posts mais recentes de cada um dos blogs por onde se costuma vaguear e, em vez disso, ler estes últimos desde o seu início, para ver a evolução de muitos deles ao longo da sua vida. Confrontar a habitual «declaração de intenções» inicial com os posts mais recentes, momentos de actividade intensa com outros de letargia, alguma atitude defensiva inicial com um maior à vontade que normalmente só o tempo permite.
Olhando para o Meu Monte, parece-me patente a progressiva libertação da preocupação de actualização frequente. Para «postar» a contragosto, mais vale estar quieto.
Chegou o momento de dar o passo seguinte: desactualizar deliberadamente. Escrever sobre aquilo que já passou. Fugir à notícia do dia, ir buscar aquilo que corre o risco de já ter sido esquecido ou nunca ter sido devidamente lembrado. No fundo, reagir «ao retardador», coisa que, a um blog alentejano, não pode ser levada a mal.